Liga do tudo ou nada

A 21 de Março joga-se a segunda mão dos quartos-de-final da Liga Europeia. Forte dei Marmi de Itália, Barça e Liceo do campeonato espanhol, Porto e Benfica de Portugal. Para estas cinco equipas - as que mais investem em todo o Mundo nos últimos anos -, joga-se mais do que uma prova. Joga-se o investimento de uma época.

Em termos domésticos, Liceo, Barça e Forte dei Marmi já deixaram escapar a Taça, entregue a Vic e Breganze. Na Galiza e na Catalunha, assumindo a inevitabilidade de que só uma equipa poderá vencer o campeonato, automaticamente a outra ou alcança o título europeu ou ficará de mãos vazias em 2014/2015. Em Itália, tudo em aberto na Serie A1, prova que será resolvida por playoff.

Em Portugal, tudo em aberto para o Benfica quer na Taça, quer no Campeonato. O Porto jogará tudo na Liga Europeia. Eliminados da Taça e em segundo na 1ª divisão, as probabilidades de conquistarem um título resumem-se à principal competição do Velho Continente.

Em suma, a eliminação de quatro destas cinco equipas das Taças domésticas causa uma forte restrição à conquista de títulos. Jogar-se-á tudo no Campeonato e Liga Europeia para augurar algo minimamente inerente ao investimento realizado. É neste sentido que o presente artigo se insere, adoptando uma escala referente aos últimos projectos dos grandes clubes europeus.

Numa altura em que as águas voltam a agitar-se com as saídas de Tó Neves e Roberto Crudeli do Porto e Fortei dei Marmi e a possível saída de Ricard Muñoz caso o catalão não conquiste o campeonato ou a Liga Europeia, o Gloquei passa em revista o início dos projectos e o percurso até ao momento actual.

Forte dei Marmi (Itália)
Após alguns anos arredada do escalão máximo italiano, a formação fortemarmina regressa à Serie A1 em 2007/2008. No ano seguinte, Roberto Crudeli deixa o Amatori Lodi e passa a liderar a equipa principal do clube onde se iniciou enquanto hoquista.

Tipo de jogo:
Sem grande intensidade no ataque, são suficientes três factos. 1) Ter Pedro Gil que desequilibra a qualquer momento e que atira com uma eficácia inigualável. 2) Os jogadores estão sempre em movimento. Mesmo sem grande velocidade, complicam a vida à defesa. 3) Há frequentemente dois jogadores em posição de finalização, sempre a rondar a área adversária. A defender, o sucesso depende de Pedro Gil, que arrisca imenso a intercepção de bolas. Se correr bem a defesa está bem, se correr mal os restantes defesas têm imensas dificuldades em compensar.

Histórico de plantéis:

2009/2010

2010/2011

2011/2012

2012/2013

2013/2014

2014/2015

A Dal Zotto

F Stagi

 

 

 

 

M Bandieri

C Angelini

 

 

 

F Consigli

R Crudeli

 

 

 

 

 

D Bellè

 

 

 

 

 

M Georgi

 

 

 

 

 

D Bonanni

 

 

 

SS

SS

B Giménez

 

 

 

P Gil

 

T Leonetti

 

 

A Verona

 

 

R Maggi

 

P Cancela

 

 

 

D Santucci

M Videla

 

G Babick

P Vanucci

D Motaran

R Pelicano

SS

SS

F Rossi

E Torner

 

M Pagnini

SS

SS

E Mariotti

A Orlandi

 

SS - Sem substituto

Palmarés:

 

09/10 (2-3)

10/11 (2-3)

11/12 (2-1)

12/13(3-4)

13/14(5-4)

14/15(6-2)

Camp.

12º

MF POff

MF POff

V

 

Taça

1ª Fase

1ª Fase

2ª Fase

2ª Fase

MF

MF

SuperT

NP

NP

NP

NP

NP

V

LE/CERS

NP

NP

OF CERS

QF CERS

MF CERS

 

SuperTE

NP

NP

NP

NP

NP

NP

TInter

NP

NP

NP

NP

NP

NP

NP - Não participou
O número em parêntesis corresponde ao número de internacionais no plantel/número de contratações na referida época

FC Barcelona (Catalunha)
O clube com mais títulos no Mundo tem como timoneiro Ricard Muñoz. Depois de passagens pelo Voltregà pelas camadas jovens dos blaugrana, o catalão torna-se técnico-adjunto de Gaby Cairo, sucedendo-lhe durante a época 2011/2012.

Tipo de jogo:
Três grandes armas: postura defensiva; guarda-redes (principalmente nas bolas paradas) e tremenda eficácia nas bolas paradas. A atacar a velocidade é considerável mas com movimentos muito standard, ou seja, básicos e muitas vezes previsíveis. É uma equipa cuja postura depende muito do resultado. Se estiver em desvantagem torna-se demasiado individualista e muito rematadora de sítios onde a probabilidade de golo é menor, se estiver a ganhar faz uma exibição colectiva de encher o olho.

Histórico de plantéis:

2012/2013

2013/2014

2014/2015 (

Aitor Egurrola

 

 

Sergi Fernández

 

 

Sergi Panadero

 

 

Pablo Álvarez

 

 

Reinaldo García Mallea

 

 

Marc Gual

 

 

Marc Torra

 

 

Sergi Miras

Raul Marín

 

Mia Ordeig

Matías Pascual

 

Marc Julià

Xavi Barroso

 



Palmarés:

 

2012/2013 (8-1)

2013/2014 (10-3)

2014/2015 (10-0)

Campeonato

 

Taça

MF

F

F

Supertaça

V

V

V

Liga Europeia

F

V

 

Supertaça Europeia

NP

NP

F

T Intercontinental

NP

NP

V

NP - Não participou
O número em parêntesis corresponde ao número de internacionais no plantel/número de contratações na referida época

HC Liceo (Galiza)
Um caso único. Fundado em 1972, desde cedo se tornou numa superpotência euro. Os primórdios não poderiam ser melhores. Nos anos oitenta, venceu dois campeonatos, três Taças do Rei, duas Ligas Europeias, duas Taças Continentais e duas Taças Intercontinentais. Os anos ’90 não foram muito diferentes. Três campeonatos, quatro Taças do Rei, uma Liga Europeia, uma Taça CERS, duas Taças das Taças, duas Taças Continentais e uma Taça Intercontinental.

O momento da verdade vem no início do novo milénio. Na primeira década vence apenas uma Taça do Rei em termos domésticos e uma Liga Europeia, uma Supertaça Europeia e uma Taça Intercontinental internacionalmente. O técnico argentino foi despedido em 2006, ocupando o seu lugar o português José Querido. Jordi Bargalló e Josep Lamas, entrados em 2002, não foram dispensados. Aliás, é difícil encontrar dispensados no Liceo. Todos os grandes jogadores saíram por interesse de outros clubes, como exemplificam Lucas Ordóñez, Matías Pascual, Ricardo Barreiros, Marc Gual ou Pablo Álvarez, o que significa que o lema dos liceístas parece ser “nada que o tempo não resolva”. Em 2009, Carlos Gil regressa.

Tipo de jogo:
A equipa mais dinâmica do Mundo, a par da selecção espanhola, se tivermos em conta a velocidade mas também o entrosamento. Os quatro jogadores estão em constante movimento e contam com um largo leque de movimentações combinadas, da qual se destacam os movimentos atrás da baliza com desmarcação do pivot e a saída dos dois jogadores mais adiantados, abrindo espaço para o aparecimento dos hoquistas mais recuados para a finalização. A defender, à imagem da escola espanhola, muita agressividade e constante procura da bola.

Histórico de plantéis:

09/10

10/11

11/12

12/13

13/14

14/15

SS

SS

SS

SS

SS

V Grimalt

J Llaverola

T Sousa

 

A Prada

 

A Shedha

A Vallina

X Malián

 

 

 

 

J Lamas

 

 

 

 

 

J Bargalló

 

 

 

 

 

R Barreiros

 

 

SS

SS

SS

M Gual

P Afonso

T Perez

 

 

 

M Payero

S Miras

 

L Ordóñez

 

P Bargalló

P Alvarez

 

A Valera

P Añón

 

C Carballeira

J Gende

E Lamas

 

 

 

 

J Grasas

 

M Pascual

 

J J López

O Vives

SS - Sem substituto

Palmarés:

 

09/10(7-2)

10/11(7-5)

11/12(7-3)

12/13(6-3)

13/14(5-1)

14-15 (6-5)

Campeonato

 

Taça

MF

MF

MF

MF

QF

MF

Supertaça

NP

NP

NP

NP

MF

F

LE/CERS

V CERS

V LE

V LE

QF LE

QF LE

 

Sup. Europ.

NP

F

F

V

NP

NP

T Intercont.

NP

NP

NP

V

NP

NP

NP - Não participou

O número em parêntesis corresponde ao número de internacionais no plantel/número de contratações na referida época

FC Porto (Portugal)
Tó Neves orienta a equipa desde 2011, sucedendo Franklim Pais, campeão nacional dez anos consecutivos. O grande objectivo de trazer o antigo avançado era atacar a Liga Europeia mas, depois de uma final perdida em própria casa, o sonho continua por concretizar. Na próxima época o treinador mudar-se-á para a Oliveirense, sucedendo-lhe o catalão Guillém Cabestany. Nota para a saída de três atletas que acompanharam Tó Neves nestas quatro épocas: Pedro Moreira, Reinaldo Ventura e Caio, numa clara tentativa de mudança de rumo.

Tipo de jogo:
Extremamente mexido, mas nem sempre bem jogado. E 50 minutos são sempre 50 minutos a dar 100%, seja que resultado for. Muito entrosamento com os pivots e, à semelhança do Forte dei Marmi, bons entendimentos com a abertura de espaço na área ofensiva para a entrada rápida de um elemento para finalizar. Contra-ataques 3x2 sempre muito bem executados, com o cruzamento entre jogador com e sem bola. A defender muito sucesso na constante procura da bola, mas apenas contra equipas de menor expressão. Quando os jogos são de risco a equipa arrisca menos a defender. A inclusão de Reinaldo Ventura tem sido prejudicial. É um elemento que defende mal e é muito fraco nas transições defensivas. A atacar apenas contribui com remates de meia-distância e execução de bolas paradas.

Histórico de plantéis:

2011-2012

2012-2013

2013-2014

2014-2015

Edo Bosch

 

 

 

Nélson Filipe

 

 

 

SS

SS

SS

Tiago Sousa

Pedro Moreira

 

 

 

Reinaldo Ventura

 

 

 

R. Oliveira “Caio”

 

 

 

Tiago Losna

 

 

Rafa Costa

Pedro Gil

Jorge Silva

 

 

Nélson Pereira

Hélder Nunes

 

 

Gonçalo Suíssas

Vítor Hugo

 

 

Filipe Santos

Ricardo Barreiros

 

 

SS - Sem substituto

Palmarés:

 

2011/2012 (7-3)

2012/2013 (8-4)

2013/2014 (8-0)

14/15 (10-2)

Campeonato

 

Taça

16avos

V

F

16avos

Supertaça

V

NP

V

NP

Liga Europeia

MF

F

F

 

Supertaça Euro.

NP

NP

NP

NP

Taça Intercont.

NP

NP

NP

NP

NP - Não participou

O número em parêntesis corresponde ao número de internacionais no plantel/número de contratações na referida época

SL Benfica (Portugal)
Mudança de rumo em 2013, com a vinda de Pedro Nunes. Poucas alterações no plantel. Três títulos conquistados dos seis já disputados. A presente época com tudo em aberto.

Tipo de jogo:
Três situações alteraram-se profundamente da época passada para a presente. Pedro Nunes conseguiu tornar a equipa mais acutilante a contra-atacar e mais agressiva a defender. A última, de certa forma, já tinha conseguido nos últimos meses de 2013/2014. A atacar organizado temos dois Benficas. Com Nicolía em rinque, tudo depende do que o argentino fizer. Sem Nicolía o ataque organizado revela-se secundário e pouco produtivo. O que nunca se revela secundário, com ou sem Nicolía, é a agressividade defensiva que os encarnados impõem no seu meio campo defensivo, proporcionando grande parte dos golos, ou seja, através de contra-ataque. No Benfica pensa-se: "o melhor (contra) ataque é a defesa".


Histórico de plantéis:

2013/2014

2014/2015

Guillém Trabal

 

Pedro Henriques

 

Diogo Rafael

 

Tiago Rafael

 

Miguel Rocha

 

Estebán Ábalos

 

Carlos López

 

Valter Neves

 

João Rodrigues

 

Marc Coy

Carlos Nicolía


Palmarés:

 

2013/2014 (7-2)

2014/2015 (8-1)

Campeonato

 

Taça

V

 

Supertaça

NP

F

Liga Europeia

MF

 

Supertaça Europeia

V

NP

Taça Intercontinental

V

NP

NP - Não participou

O número em parêntesis corresponde ao número de internacionais no plantel/número de contratações na referida época

MÉDIA DE TÍTULOS POR COMPETIÇÃO DISPUTADA

 

Títulos disputados

Títulos conquistados

Média Títulos

Média de contratações por época

Média de internacionais por época

Pedro Nunes

6

3

2

0,7

7,5

Ricard Muñoz

12

6

2

1,33

9,33

Tó Neves

12

4

3

2,25

8,25

Carlos Gil

22

6

3,7

3,17

6,33

Roberto Crudeli

15

2

7,5

2,83

3,33


Duas leis de La Palice:
Treinadores com maior rotatividade no plantel e com menos internacionais têm mais dificuldade em vencer

À excepção de Pedro Nunes, para os restantes quatro o primeiro ano nunca foi o melhor de todos.