Apontamentos sobre a 1ª Divisão 2014/2015
Sabia-se que a época 2014/2015 seria, desde logo, histórica, não só pelo regresso de um clube emblemático à luta pelos lugares cimeiros mas também pelo ingresso de alguns atletas no nosso campeonato que fizeram lembrar os velhos tempos do hóquei nacional, repletos dos melhores executantes do Mundo. 2002/2003 foi a última época de ouro. À altura, já sem o Sporting na ribalta, acabou por ser o Benfica a desinvestir no ano seguinte e a deixar o caminho aberto para o FC Porto.
2014/2015 veio afastar, pelo menos temporariamente, esse fantasma do desinvestimento na modalidade. Uma época que ficou marcada pelo grande nível das equipas participantes no Campeonato Nacional da 1ª Divisão e pela correspondência dos adeptos. É difícil dizer qual dos 14 pavilhões não esteve cheio pelo menos uma vez esta temporada. Por outro lado, dentro do alto nível, há que ressalvar o subrendimento de muitas equipas em relação ao expectável. Isto é, tivemos duas equipas de extrema qualidade - Benfica e FC Porto - e as equipas que se seguiram na classificação menos aptas que o esperado. Juventude de Viana, Oliveirense, Valongo e Sporting, não corresponderam ao nível hoquístico que o seu leque de jogadores fazia prever.
Surpresas? Poucas. Salva-se um Óquei de Barcelos muito bem organizado e com muita qualidade jovem, e a Sanjoanense, pela postura que sempre adotpou em qualquer partida, sem se amedontrar contra equipas de maior gabarito, jogando jogo pelo jogo. Ambas tiveram na classificação um espelho do seu trabalho: os minhotos com o sexto lugar e os aveirenses com a manutenção.
Três ilações mais relativamente ao Campeonato Nacional da presente temporada.
1) Continua a verificar-se uma arbitragem pobre. Sabendo da dificuldade de ajuizar uma partida onde defesas e atacantes estão constantemente à procura de prejudicar o adversário, haveria mais qualidade na prestação dos árbitros se os próprios tivessem uma noção maior da modalidade, isto é, terem uma percepção mais exacta de quando se cai em falta ou de quando se cai por cair. Em Portugal, basta haver um jogador por perto e o portador da bola cair para se assinalar falta. Quem jogou hóquei, sabe que cair não é assim tão fácil quanto acontece nos jogos, e basta ver um qualquer treino para chegar a essa conclusão. Por outro lado, existe uma diferença positiva em relação a outros campeonatos, os árbitros portugueses não são tão rigorosos e permitem maior fluídez ao jogo.
2) É uma incógnita saber se jogar apenas 26 jornadas é positivo ou não, mas o que é facto é que as últimas jornadas foram pródigas em grandes jogos, plenas de ritmo e qualidade. Foi principalmente nas últimas jornadas que se evidenciou a qualidade que de facto estava inerente à prova, e não só em jogos entre equipas classificadas nos lugares cimeiros. Também parece indiscutível que a regra do sorteio condicionado é muito positivo para a competição, pois permite uma espécie de playoff dentro da fase regular. Uma aposta ganha.
3) Não é uma posição exclusiva à primeira divisão mas está-lhe conectada. Tem-se verificado que a regra dos 45 segundos para atacar só tem prejudicado o hóquei ofensivo. Nesta modalidade, os ataques fazem o que as defesas permitem. Ora a regra dos 45 segundos só tem motivado a que as defesas tomem uma atitude expectante e não tão activa quanto, por exemplo, uma equipa em desvantagem poderia ter caso a regra não existisse ou fosse bem aplicada. Porque o facto é que a regra não é bem aplicada por nenhum árbitro do Mundo e quem disser o contrário está a mentir. Aquando da inclusão das novas regras, foi explicado que os 45 segundos só contariam quando a equipa que defende demonstrasse uma procura incessante pela posse de bola - inclusive foi mostrado um vídeo a exemplificá-lo nas sessões de esclarecimento. Dessa forma esta regra seria benéfica mas, da maneira como está a ser interpretada, está a prejudicar o hóquei ofensivo.
De salientar que, se há um ano atrás já dizia que iria ser uma primeira divisão plena de qualidade, é bom realçar de momento que a próxima irá subir ainda mais o patamar, com as equipas do cimo da tabela a reforçarem-se com grande qualidade.